Funcionário da Air France é preso por prostituir brasileiras.

O casal franco-brasileiro prostituia jovens brasileiras em apartamentos alugados em bairros chiques de Paris.

O casal franco-brasileiro prostituia jovens brasileiras em apartamentos alugados em bairros chiques de Paris.

O jornal Le Parisien deste sábado (26) informa que um funcionário da Air France, identificado como Alain D., sua mulher, a brasileira Claudia D., e um amigo dela, também de nacionalidade brasileira, estão detidos em regime de prisão temporária em dois presídios da região parisiense. Eles são acusados de montar uma ampla rede de prostituição de jovens brasileiras. O casal teria faturado até 2 milhões de euros por ano (cerca de 6 milhões de reais) com o tráfico, desde 2010.

Os três foram indiciados na quinta-feira passada por lenocínio (prática criminosa que consiste em explorar, estimular ou facilitar a prostituição), tráfico de pessoas e formação de organização criminosa. A Brigada de Repressão ao Proxenetismo de Paris identificou o francês, sua mulher e o cúmplice depois de receber a denúncia de uma estudante brasileira, que chegou à França em 2010 e foi obrigada a se prostituir logo depois de ser apresentada ao casal.

A jovem estudante relatou à polícia francesa que Claudia D., de 51 anos, a instalou em um apartamento na famosa rue de Rivoli, no centro de Paris, e a obrigava a receber até cinco clientes por dia. A estudante cobrava 150 euros (cerca de 300 reais) de cada cliente. Segundo a vítima, era a brasileira e seu cúmplice que gerenciavam a rede de prostituição.

Claudia D. alugava apartamentos em vários pontos da capital francesa, publicava anúncios sobre as garotas de programa na internet e mantinha as brasileiras sob estrita vigilância. A estudante contou à polícia que tentou fugir uma vez, em setembro de 2013, e foi ameaçada por um transexual enviado por Claudia D. para intimidá-la.

Segundo Le Parisien, a posição do funcionário da Air France, responsável pelo monitoramento de equipes de voo no aeroporto Charles de Gaulle, “provavelmente facilitou a tarefa”. Alain D., de 54 anos, teria obtido passagens aéreas da companhia francesa para trazer várias prostitutas brasileiras a Paris. Ele teria emitido bilhetes de avião a preços preferenciais, reservados aos membros da Air France e suas famílias.

A investigação mostrou que o casal franco-brasileiro viajava ao Brasil uma vez por mês. Eles aproveitavam essas visitas para retornar à França com várias prostitutas, que eram apresentadas à companhia aérea como parentes.

Um guru com poderes místicos

De acordo com Le Parisien, o casal de cafetões contava com a ajuda de um cúmplice brasileiro, identificado na reportagem como José W., de 50 anos. “Ele atuava como uma espécie de guru das jovens e tinha a tarefa de animá-las e ajudá-las a recuperar a confiança em si mesmas”, afirma o diário francês.

“Este pseudo guru cobrava de cada prostituta cerca de 500 euros (1.500 reais) por sessão de ajuda”, relatou uma fonte da polícia. “Com a cumplicidade dele, o casal Alain e Claudia D. recuperava o máximo de dinheiro que suas vítimas ganhavam com os passes”, relatou essa fonte policial.

Desfrutando de um salário confortável na Air France, Alain D. ainda encontrou um jeito de enganar o Fisco. Em sua declaração de imposto de renda, ele informava possuir dívidas. Com isso, o casal ainda conseguiu obter um apartamento da prefeitura de Paris no 17° distrito, um bairro chique da capital, pagando um aluguel subsidiado. Além disso, “o casal alugava apartamentos em outras áreas chiques de Paris, mas tinha a preocupação de mudar regularmente de habitação para não atrair muita atenção para suas prostitutas”, descreveu a fonte policial ao jornal Le Parisien.

Os investigadores estimam que em quatro anos de atividade ilícita, o casal faturou cerca de 2 milhões de euros por ano, cerca de 6 milhões de reais, e explorou uma dúzia de mulheres.

O representante sindical da polícia Stéphane Pelliccia, da CFDT, declarou ao jornal que o desmantelamento desta rede de prostituição foi “um trabalho excepcional dos policiais”.

A Air France até agora não comentou o caso. A companhia afirma não dispor de informações sobre o inquérito. Os investigadores tentam descobrir, agora, para onde o casal desviava o dinheiro obtido com a rede de prostituição.