Menina de 12 anos diz ter sido violentada dentro do banheiro do colégio.
Juiz analisa pedido para encaminhamento de menores à Fundação Casa.
A Promotoria da Infância e Juventude pediu à Justiça, na tarde desta quinta-feira (21), a internação provisória dos três adolescentes suspeitos de estuprar uma menina de 12 anos dentro do banheiro de uma escola estadual na Zona Sul de São Paulo. A informação é da assessoria de imprensa do Ministério Público (MP).
Segundo a advogada Yasmin Chehade, que defende a vítima, a garota reconheceu três adolescentes como os agressores. “Reconheceu na escola. Apontou os três. Só conhecia um deles de nome”, disse. Os adolescentes estudam na mesma escola que a menina.
O promotor Osvaldo Monteiro analisou a documentação enviada pela Polícia Civil e conseguiu ouvir o depoimento de um dos menores antes de pedir o encaminhamento dos três adolescentes à Fundação Casa, segundo o MP. Em relação aos outros dois menores, Monteiro pediu que a Justiça emita mandados de busca e apreensão para que eles sejam ouvidos.
Até esta publicação, a 4ª Vara da Infância e Juventude não havia julgado o pedido, de acordo com a assessoria de imprensa Tribunal de Justiça (TJ). O conteúdo depoimento do garoto ouvido pelo MP nesta quinta-feira também não foi divulgado porque o caso envolve menores de idade e corre em segredo de justiça.
Estupro
A família da garota denunciou que ela foi vítima de estupro em uma escola da Zona Sul de São Paulo, segundo reportagem do SPTV de terça-feira (19). A estudante disse que foi estuprada por três alunos menores de idade dentro do banheiro da escola. O caso ocorreu na Escola Estadual Leonor Quadros, no Jardim Miriam.
A mãe da menina contou que, no último dia 12, a filha foi levada pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) da escola para o pronto-socorro. No hospital, ela falou sobre o que tinha acontecido.
“Ela sofreu, sofreu durante 50 minutos”, disse a mãe. “Ela foi arrastada até o banheiro masculino por um deles, e os outros dois já estavam dentro do banheiro esperando ela. E ela foi ali, né, cruelmente agredida. Ela não os conhecia, ela não tinha amizade com eles.”
A menina está traumatizada. Depois de fazer os exames, foi medicada com um coquetel antiaids e deve ficar 30 dias em tratamento.
“É uma dor muito grande, eu queria transferir tudo que ela sente pra mim, pra não ver ela passando por isso”, afirmou a mãe. “A gente toma cuidado com o caminho, por onde passa, onde vai, avisa, orienta, fala para tomar cuidado. E, de repente, dentro da escola acontece isso. É inadimissível.”
‘Lamentável’
A ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, afirmou nesta quarta-feira (20) considerar “lamentável” o estupro de uma menina de 12 anos denunciado pela família dela e que teria sido cometido por outros três menores de idade dentro de uma escola da Zona Sul de São Paulo.
“É lamentável. [Vejo] com muita tristeza, muita indignação. Isso não pode acontecer”, disse após a abertura do Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, que acontece no Sesc Pinheiros, em São Paulo.
Segundo a ministra, a violência de gênero e contra as mulheres passará a fazer parte do currículo do ensino médio e fundamental no Brasil.
“Nós temos um pacto com o Conselho Federal de Educação, a Maria da Penha, eu, e com o ministro [da Educação, Renato] Janine de introduzir nos currículos de ensino médio e fundamental a temática não só de gênero, mas a temática de violência contra as mulheres. Isso já está aceito e eu tenho esperança que em 2016 isso esteja efetivamente implementado”, afirmou.
Atendimento hospitalar
O Hospital Pérola Byington, referência no tratamento de mulheres e crianças vítimas da violência sexual, atendeu no ano passado mais de 2.400 casos. São quase sete por dia, e em mais da metade as vítimas são crianças com no máximo 11 anos de idade.
As vítimas fazem exame de corpo de delito no próprio hospital e são atendidas por psicólogos e médicos. Segundo a pediatra Gabriela Zembruski Nunes, as vítimas chegam traumatizadas.
“Elas chegam com sentimento de culpa, chegam com sentimento de medo que o agressor possa fazer alguma coisa contra elas e a família”, explica. “Eles ameaçarem mesmo sendo da confinça da família, dizendo que vão matar a mãe, o pai, a família, a criança, então a criança chega com muito medo de ter revelado o abuso.”