Record lança seriado policial com parte da equipe de “Tropa de Elite”

Quase não grita. Trocou a cerveja pelo uísque. Joga xadrez. Mas não se pode dizer que tenha se suavizado.

O delegado Medeiros que ele interpreta em “Fora de Controle”, série que a Record estreia na terça, tem métodos próprios para resolver crimes.

Truculento nos interrogatórios, não se esquiva de usar violência ou o que for preciso para chegar a um culpado. Mas é com o olhar que ele mete medo nos suspeitos.

Segundo o criador, Marcílio Moraes (“Vidas Opostas”), Medeiros está “inserido na perversão da sociedade em que atua”. “Gosto do gênero policial porque aborda o lado sombrio do ser humano. Não tem bem, é tudo mal.”

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Milhem Cortaz e Claudio Gabriel em cena do seriado "Fora de Controle"
Milhem Cortaz e Claudio Gabriel em cena do seriado “Fora de Controle”

Na própria série, Medeiros define sua função: “Amo o que eu faço, mas não trabalho na polícia inglesa, trabalho na polícia brasileira”.

Híbrido de cinema e televisão, a série é uma coprodução da Gullane (“Carandiru”) com a Grifa Filmes. Custou R$ 3 milhões, verba composta por recursos incentivados.

A direção ficou a cargo de uma grife de “Tropa de Elite”. O montador Daniel Rezende, que tem no currículo a edição de “Cidade de Deus” (2002) e “Diários de Motocicleta” (2004), faz sua estreia na TV com o seriado policial.

“Estava na hora de me sentar na outra cadeira”, diz, referindo-se à nova função de diretor. “[Montar esses filmes] me ajudou a ter o pensamento cirúrgico da montagem para fazer esse quebra-cabeça em tempo hábil.”

Isso porque, mesmo com 12 locações, a série foi filmada em apenas dois meses.

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Milhem Cortaz e Rafaela Mandelli na série "Fora de Controle", da TV Record
Milhem Cortaz e Rafaela Mandelli na série “Fora de Controle”, da TV Record

NADA DE “TROPA”

Rezende divide a atribuição com Johnny Araújo, que começou nos videoclipes, passou para a publicidade e estreou na direção em 2007.

“Tentamos desassociar ao máximo a série do ‘Tropa’. Lá é o Bope, aqui é a Polícia Civil. Só tem o Milhem em comum”, diz Rezende. “Também já não falamos do mesmo morro. As UPPs [Unidades de Polícia Pacificadora] mudaram aquela realidade”, acredita Araújo.

Iniciantes na TV, trataram de evitar a caricatura nas interpretações. “A gente procurou fazer as atuações um tom abaixo do habitual. Se pudéssemos dizer que o Medeiros foi inspirado em alguém, seria Gary Oldman em ‘O Profissional'”, diz Araújo, aludindo ao longa de 1994 dirigido por Luc Besson. “Ele mal levanta a voz no filme.”

MORTE NA PRAIA

No primeiro episódio do seriado, o corpo de uma adolescente boia na praia, mas a autópsia revela que ela se afogou em água doce. O crime se complica após a identificação dela como enteada de um delegado amigo de Medeiros.

“É uma produção verborrágica, com uma estrutura policial clássica. É mais cerebral do que com cenas de ação”, define Moraes.

Segundo o produtor Caio Gullane, o projeto foi bem avaliado na emissora e tem tudo para ganhar mais episódios –são apenas quatro nesta primeira temporada. “Infelizmente, o Brasil tem crimes ilimitados para serem contados.”

O diretor de teledramaturgia da Record, Hiran Silveira, assina embaixo: “A série veio de encontro ao que queríamos. Vamos tentar viabilizar uma nova temporada”.

Após a exibição de cada episódio, a íntegra entra no ar no site do “R7”, making of e comentários dos diretores.

Veja abaixo o trailer do seriado: