Clima tropical pode dificultar chegada do coronavírus no Brasil.

Apesar de 16 casos suspeitos em cinco estados brasileiros até domingo (2), as temperaturas altas do verão talvez dificultem a chegada e o avanço no Brasil da nova variedade de coronavírus que emergiu em dezembro —no auge do inverno do hemisfério Norte, onde o clima frio favorece sua sobrevivência e transmissão -, infectou quase 14 mil pessoas e causou cerca de 300 mortes na China até o início deste mês. Por outro lado, o intenso comércio com o país asiático, hoje o principal importador de produtos brasileiros, poderia facilitar a circulação de pessoas e da nova variedade de coronavírus, chamada provisoriamente de 2019.

No dia 30, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou o surto do coronavírus como uma emergência de saúde pública global, o que implica uma ação coordenada entre os países. O novo vírus já foi detectado em 23 países.

No Brasil, os pacientes suspeitos estão em São Paulo (oito deles), Rio Grande do Sul (quatro), Santa Catarina (dois), Paraná (um) e Ceará (um). Outros 10 casos suspeitos foram descartados. No Brasil, instituições públicas da área da saúde se mobilizam para identificar os possíveis casos suspeitos, coletar amostras de secreções respiratórias e de sangue para análise e tratar os pacientes. Na terça-feira (28), em uma entrevista coletiva no auditório do Ministério da Saúde, em Brasília, o ministro Luiz Henrique Mandetta informou que o critério de casos suspeitos de infecção havia mudado – não mais apenas da cidade de Wuhan, onde os primeiros casos apareceram, mas qualquer pessoa voltando da China – e que as análises genéticas do vírus, a serem feitas no Brasil, ajudariam a entender melhor a circulação da doença. Segundo ele, o protocolo de atendimento médico seria o mesmo adotado em 2002 para prevenir a chegada que acabou não ocorrendo. Mandetta também reconheceu o “perigo iminente” de o 2019-nCoV chegar ao Brasil: “Precisamos estar extremamente atentos”.

Ele reconheceu que ainda há muitas incertezas sobre tempo de transmissão, incubação, potencial de letalidade e comportamento do vírus em gestantes, crianças e idosos. Nesta semana, a OMS divulgou uma primeira estimativa da taxa de infectividade do novo coronavírus: de 1,4 a 2,5, que corresponde ao número médio de pessoas que podem ser infectadas a partir de um único indivíduo.