Clube em SP vira reduto de turistas que buscam relacionamentos liberais.

Casa localizada em Praia Grande, SP, não permite prostituição.
Grande maioria dos frequentadores é formada por turistas.

Uma casa em Praia Grande no litoral de São Paulo, tornou-se reduto de pessoas que buscam relacionamentos liberais. Procurada especialmente por turistas, o clube ainda é pouco conhecido entre os moradores da Baixada Santista, até por não ‘ostentar’ nada que remeta a real função do local: uma área liberal, onde a troca de casais ou o sexo a três é visto como algo rotineiro.

Localizada no bairro Vila Caiçara, o ‘Beach Club’ não é uma casa exclusiva de swing. No local, homens e mulheres solteiras podem entrar mesmo sem acompanhantes. A casa, uma mansão típica de veraneio no litoral de São Paulo, costuma ficar lotada de turistas durante o verão, quando recebe festas temáticas, várias vezes por semana, com entradas variando entre R$ 30 e R$ 70. Não existe prostituição no local.

Um dos responsáveis pelo clube, José Roberto, de 30 anos, explica que conheceu o swing (troca de casais) há quatro anos. “Eu pensava que ia entrar na casa e todos estariam transando, mas percebi que não funciona assim. Também pensava que existiriam mulheres dispostas a tudo e diversas prostitutas. É uma visão errada”, afirma.

Nós [swingers] temos que ter a noção que  dividimos nosso bem maior com desconhecidos”
Sarah Xavier,
43 anos

De acordo com José, a casa em Praia Grande existe há cerca de oito anos. Segundo ele, o lucro por conta das festas gira em torno de R$ 5 mil. Com relação a reclamações de vizinhos, o responsável explica que existe discrição por parte dos frequentadores. “Alguns até sabem o que acontece, mas não exageramos no som e na bagunça. Temos que pensar no próximo também”, explica.

Um dos casais mais assíduos da casa é o casal Sarah Xavier, de 43 anos, e Marcos Castro, de 45. “Nós, que somos praticantes do swing, temos que ter noção que estamos dividindo nosso bem maior com alguns desconhecidos. Isso é um pouco conflitante, mas é uma relação de confiança. É uma questão de cumplicidade”, afirma Sarah.

As festas funcionam como discotecas, onde casais e solteiros, sem restrição de sexo, pagam entrada e consumação. Dentro da casa, existem lugares específicos para sexo em, no mínimo, três pessoas, ou em lugares “públicos”, além de labirintos onde as pessoas entram em salas e podem trocar carícias. Um dos lugares mais famosos entre os frequentadores é o dark room, onde a pouca luz faz com que não haja identificação, o que aguça a curiosidade.

Casa em Praia Grande, no litoral de SP, é muito frequentada no verão (Foto: Guilherme Lucio/G1)Casa em Praia Grande, no litoral de SP, é muito frequentada no verão (Foto: Guilherme Lucio/G1)

Preocupações e mitos

Você pode sair de uma festa liberal sem transar com ninguém”
José Roberto,
funcionário

Uma das principais preocupações dos responsáveis pela casa é com relação a privacidade e a segurança dos frequentadores. De acordo com Roberto, há uma restrição de público – o número máximo de participantes é de 300 pessoas. Além disso, há um filtro, pois existe uma série de regras para o bom convívio durante as festas. Além disso, a casa conta com venda de preservativos.

Nas festas, existem muitos frequentadores considerados ‘exóticos’. Solteiros que vão só para assistir a transa alheia ou para realizar fetiches. Com relação aos relacionamentos homossexuais, José explica que não são comuns, mas garante que não existe nenhum tipo de restrição e que esse público também pode frequentar a casa.

Outro problema enfrentado por donos de casas liberais, segundo ele, é a sensação provocada em quem não conhece o assunto. “Temos que barrar algumas pessoas, pois elas pensam que aqui vale tudo. Você pode sair de uma festa liberal sem transar com ninguém”, afirma José Roberto. “Outro mito muito comum são as pessoas que acham que só existem homens e mulheres lindas. As pessoas interessadas em conhecer esse mundo tem que ter em mente que encontraram pessoas comuns, que estão interessadas em saciar suas fantasias”, diz

Segundo o responsável pelo clube, é permitido a entrada de chinelo e as pessoas podem andar nuas pelo local. Mas, segundo os frequentadores, o grande diferencial da casa é a amizade. “Não é algo mecanizado, onde as pessoas chegam, transam com desconhecidos e vão embora. Nós criamos laços, fazemos amigos aqui”, finaliza.

Diversão faz parte da rotina dos casais liberais (Foto: Guilherme Lucio/G1)Diversão faz parte da rotina dos casais liberais (Foto: Guilherme Lucio/G1)