Comandante do Exército anuncia golpe de Estado na Tailândia.

Prayuth Chan-Ocha disse em discurso que vai restaurar a ordem no país.
Medida ocorre dias após decretação de lei marcial.

Soldados tailandeses estão nas ruas de Bangcoc, capital da Tailândia, nesta quinta-feira (22). Militares anunciaram pela TV que tomarão o controle do governo do país (Foto: Wason Wanichakorn/AP)
Soldados tailandeses estão nas ruas de Bangcoc, capital da Tailândia, nesta quinta-feira (22). Militares anunciaram pela TV que tomarão o controle do governo do país (Foto: Wason Wanichakorn/AP)

O comandante do Exército da Tailândia, Prayuth Chan-Ocha, anunciou nesta quinta-feira (22) um golpe de Estado no país. Em pronunciamento na TV, ele afirmou que o Exército está tomando o controle do governo para restaurar a ordem na Tailândia e promover reformas políticas.

“Para que o país retorne à normalidade, as Forças Armadas devem tomar o poder a partir de 22 de maio às 16h30” (6h30 de Brasília), afirmou.

A medida foi classificada por agências internacionais como um golpe de Estado, e ocorre dois dias após o Exército decretar lei marcial, medida justificada como necessária para “restaurar a paz”.

O comandante indicou com a medida busca restaurar a ordem no país e impedir mais mortes e uma escalada do conflito entre os críticos e apoiadores do governo.

Prayuth fez o anúncio em uma transmissão na TV após ter mantido um encontro com todas as facções políticas rivais com o objetivo de encontrar uma solução para protestos antigovernamentais que já duravam seis meses.

A reunião foi cancelada por Chan-Ocha após duas horas de conversa sem acordo. Soldados retiraram todos os participantes do local, com exceção dos membros do Senado e da Comissão Eleitoral presentes.

“No interesse da ordem pública e da lei, assumimos os poderes. Por favor, permaneçam calmos e continuem com seus afazeres diários”, disse o comandante na TV pouco antes das 17h locais (7h de Brasília).

Ele disse que a tomada do governo não afetaria as relações internacionais.

Manifestantes
O Exército também anunciou que irá enviar tropas para os locais de concentração de manifestantes para retirá-los. “Nós vamos enviar tropas e veículos para ajudar os manifestantes a deixar todos os locais de protesto”, disse à Reuters o general Teerachai Nakwanit, primeiro comandante regional do Exército.

Manifestantes contra e pró-governo têm se reunido em diversas partes de Bangcoc nos últimos meses. Jatuporn Prompan, líder do movimento dos “camisas vermelhas”, pró-governo, disse que continuará com os protestos mesmo após o golpe.

“Vocês vão lutar ou não vão lutar? Nós não vamos a lugar nenhum. Não entrem em pânico, porque nós esperávamos isso”, disse ele a apoiadores. Disparos para o alto foram ouvidos no local.

O Exército se posicionou como mediador nos protestos nesta semana, ao declarar lei marcial no país em uma tentativa, segundo o comandante, de tentar controlar a crise. Confrontos deixaram 28 mortos em mais de seis meses de protestos.

Os manifestantes opositores ao governo exigem uma reforma do sistema político, considerado corrupto, e propõem a criação de um conselho que realize mudanças antes de novas eleições.

A Tailândia vive uma grave crise desde o golpe de Estado que derrubou em 2006 o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, acusado pelos opositores de comandar o governo do exílio.

Os “camisas vermelhas”, seguidores de Thaksin, ameaçaram intensificar os protestos em Bangcoc se o exército tomasse o poder e o governo interino caísse.

Os militares já tramaram 19 golpes de Estado no país, 12 deles bem sucedidos, desde o fim da monarquia absolutista em 1932.

Lei Marcial, que impede manifestações pró e contra o governo, foi declarada no país há poucos dias. Nesta quinta, militares anunciaram Golpe de Estado (Foto: Wason Wanichakorn/AP)
Lei Marcial, que impede manifestações pró e contra o governo, foi declarada no país há poucos dias. Nesta quinta, militares anunciaram Golpe de Estado (Foto: Wason Wanichakorn/AP)