Delegado libera geladeira na cadeia, mas ela chega recheada de maconha.

Segundo o policial, ‘comida ruim’ que chega aos presos motivou a liberação.
Eletrodoméstico foi entregue na Delegacia de Marialva, no norte do Paraná.
  Droga estava sob as borrachas do eletrodoméstico (Foto: André Almenara/Arquivo pessoal)Droga estava sob as borrachas do eletrodoméstico (Foto: André Almenara/Arquivo pessoal)

O delegado Adriano Evangelista, de Marialva, afirma que liberou a entrada de uma geladeira para os presos na terça-feira (17) porque “a comida da cadeia” é ruim. O eletrodoméstico, porém, foi entregue recheado com maconha e celulares.

“Eles [os presos] recebem quentinhas estragadas, quase sempre nem comem. A comida é de péssima qualidade. Não vem ao caso discutir isso, mas eles precisavam da geladeira”, justifica Evangelista.

O delegado conta que um idoso foi à delegacia entregar a encomenda, a pedido de um preso. O produto seria usado por vários detentos, de acordo com a polícia. Ao bater na porta da geladeira, contudo, Evangelista diz que ficou desconfiado.

“Bati na porta da geladeira e ela não estava oca. Desconfiei. Verificamos e, depois de muito trabalho, conseguimos achar a droga e os celulares embaixo da borracha. O serviço estava muito bem feito, com certeza foi feito por um profissional que mexe com eletrodomésticos”, relata.

Delegado abre a geladeira para retirar a droga e os celulares (Foto: André Almenara/Arquivo pessoal)Delegado abre a geladeira para retirar a droga e os celulares (Foto: André Almenara/Arquivo pessoal)

O policial afirma que ainda não sabe como o pedido foi feito, mas desconfia de que tenha sido por telefone. Uma investigação corre para descobrir como o preso fez a encomenda. A entrada do eletrodoméstico, mesmo assim, seria liberada.

“Há inúmeras ações do Ministério Público questionando a qualidade da comida que entra aqui. É desumano. Os presos não conseguem nem comer o que chega para eles’, afirma o delegado.

Segundo ele, o homem que fez o frete foi interrogado e garantiu que desconhecia o conteúdo da encomenda. O serviço custou R$ 50, conforme dito em depoimento. Por meio do transportador, a polícia chegou a três pessoas, responsáveis pela contratação do frete – um homem, que foi preso, e dois adolescentes, apreendidos.

Todos foram indiciados por tráfico de drogas. É o mesmo crime pelo qual já responde o detento que fez a encomenda, de dentro da cadeia – ele agora terá novo indiciamento, também por tráfico, e por corrupção de menores.

'Trabalho muito bem feito', diz delegado sobre a forração da geladeira  (Foto: André Almenara/Arquivo pessoal)‘Trabalho muito bem feito’, diz delegado sobre a forração da geladeira (Foto: André Almenara/Arquivo pessoal)