Vídeo gravado por Jéssica foi compartilhado mais de 52 mil vezes Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal.
Qual a mulher que nunca ouviu ao volante, após algum deslize ou não, a irônica – e preconceituosa – expressão “tinha que ser mulher”? Logo depois de ter passado por mais uma situação de machismo no trânsito, a engenheira Jéssica Godoy, de 24 anos, decidiu gravar um vídeo questionando essa postura adotada por muitos homens nas ruas, e o publicou no Facebook. A repercussão foi enorme: até esta quarta-feira, já havia sido compartilhado por mais de 52 mil pessoas e curtido por mais de 48 mil.
Em entrevista ao EXTRA, Jéssica, que vive em São Paulo, contou que estava dirigindo a 50km/h, velocidade máxima permitida em uma rua do centro da cidade repleta de radares, quando um veículo que vinha muito rápido surgiu atrás dela. Em seguida, disse, o motorista a cortou de forma agressiva, cantando pneu, e disparou: “tinha que ser mulher mesmo”.
— Fiquei indignada com o jeito dele de dirigir, de forma inconsequente. Mas o que me tirou do sério foi o que ele falou, ainda mais porque eu estava correta. Ele se sentiu na liberdade de falar aquilo porque viu que eu era mulher. Se fosse homem, duvido que tivesse coragem. Aquilo ficou engasgado em mim, e, assim que cheguei no trabalho, gravei o vídeo — conta.
Jéssica diz que não esperava tamanha repercussão. Segundo ela, nas primeiras quatro horas, a gravação já contabilizava mais de 50 mil visualizações. Muitas mulheres que já enfrentaram situações parecidas no cotidiano se identificaram com a engenheira e compartilharam o vídeo. No entanto, houve quem debochasse da jovem, publicando comentários como “lugar de mulher é lavando louça” e “deve ser barbeira à beça”. Mas, no geral, Jéssica diz que a repercussão foi positiva.
Para a engenheira, o machismo no trânsito é uma realidade, e deve ser combatido.
— Parece que os homens se sentem donos da rua ao volante. Se você está certa, mas não faz o que querem, eles te xingam. Se você está errada, também te xingam. Somente pelo fato de ser mulher, e não necessariamente por estar fazendo algo errado. Não faz sentido. Não é o gênero que vai definir se a pessoa é bom ou mau motorista. Assim como não posso falar que todos os homens são agressivos ao volante. Eles não podem se sentir no direito de usar meu gênero para me diminuir. Muito menos a minha capacidade de dirigir — defende.