Itamaraty visita brasileiro preso na Bulgária acusado de terrorismo.

Em nota, ministério disse que está ‘prestando assistência consular’ ao jovem.
Segundo polícia catalã, ele pretendia se juntar aos insurgentes sírios.

O Itamaraty informou, neste sábado (20), que visitou o brasileiro de 18 anos acusado de terrorismo e preso na fronteira da Bulgária com a Turquia. O jovem foi capturado na última segunda-feira (15), mas o órgão não informou quando realizou a visita. Segundo o governo da Catalunha, onde mora o adolescente, ele planejava chegar até a Síria para se juntar à facção Estado Islâmico.

Em nota, o Ministério de Relações Exteriores afirma que está “prestando assistência consular” ao brasileiro, e que ele já recebeu visita de funcionários da Embaixada brasileira em Sófia. Ainda segundo o Itamaraty, o estado de saúde do jovem é bom, e não há previsão de quando ele será transferido para a Espanha.

 O adolescente seria de Formosa, cidade goiana a 75 quilômetros de Brasilia. O caso é investigado pela Mossos d’Esquadra, polícia autônoma da Catalunha. O brasileiro foi preso junto com dois amigos marroquinos, que também tentavam se juntar ao grupo de insurgentes sírios.

Os detidos alegam inocência, e dizem que estavam em uma viagem de férias rumo à Turquia e à Grécia. De acordo com informações de agências europeias, no entanto, o brasileiro já era alvo de um pedido de prisão feito pela Espanha à Interpol.

Segundo o ministro do Interior catalão, Ramon Espadaler, o brasileiro mora em Monistrol de Montserrat e se converteu ao islamismo. Seus colegas, que têm 24 e 27 anos, viviam em Terrassa e Sabadell, nos arredores de Barcelona.

Os três estavam sendo investigados desde junho por exporem ideias extremistas em perfis de redes sociais. A identidade do brasileiro preso é mantida em sigilo pelas autoridades europeias e pelo Itamaraty.

Segundo caso
Desde janeiro de 2013, o Estado Islâmico conta com um membro de origem brasileira nas filas de batalha. Brian De Mulder, nascido na Bélgica e filho de mãe brasileira, é um dos 46 acusados em julgamento no “megaprocesso do jihad”, que analisa o papel da organização extremista Sharia4Belgium no recrutamento de jihadistas no país europeu.

Em entrevista à BBC Brasil em outubro, a mãe do radical, Rosana Rodrigues, disse desejar que o filho fosse condenado no processo em que é julgado à revelia.

“Eu prefiro que meu filho seja condenado, prefiro todos os dias da minha vida ir na cadeia visitar meu filho, levar comida, pasta de dente, as coisas que ele necessitar, do que saber que meu filho é um terrorista e está agora na Síria”, disse.

Grupo radical
O Estado Islâmico do Iraque e Levante, atualmente chamado apenas de Estado Islâmico, é um grupo jihadista radical que conseguiu recrutar milhares de combatentes.

Líder do "Estado islâmico" se autodeclarou califa e quer implementar sharia em território dominado (Foto: AP)
Líder do “Estado islâmico” se autodeclarou califa e
quer implementar sharia em território dominado
(Foto: AP)

A facção surgiu a partir do Estado Islâmico no Iraque, o braço iraquiano da Al-Qaeda dirigido por Abu Bakr al-Bagdadi. Em abril de 2013, Bagdadi anunciou que o Estado Islâmico do Iraque e a Frente Al-Nosra, um grupo jihadista presente na Siria, se fundiriam para se converter no Estado Islâmico do Iraque e Levante.

Mas a Al-Nosra negou-se a aderir a este movimento e os dois grupos começaram a agir separadamente até o início, em janeiro de 2014, de uma guerra entre eles. O Estado Islâmico contesta abertamente a autoridade do chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, e rejeitou seu pedido de que se concentre no Iraque e deixe a Síria para a Al-Nosra.

O grupo ganhou “fama” mundial após divulgar, entre agosto e setembro deste ano, vídeos de três decapitações de reféns ocidentais que estavam presos na Síria. Duas das vítimas eram jornalistas norte-americanos, e a terceira, um agente humanitário britânico.