Vendedores ambulantes trabalham mais de 12 horas em blocos de Carnaval: ‘Vende mais quem chega primeiro’

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Conheça a realidade dos vendedores ambulantes que acompanham os blocos de rua em Porto Velho. Ceará vende churrasquinho, Janete bebidas e Robson estacionou sua banca de coxinhas pela primeira vez no Carnaval de Porto Velho. Os três possuem algo em comum: a rotina exaustiva de trabalho, que chega a 12 horas ininterruptas durante o período de folia.
A realidade dos vendedores que acompanham os blocos de rua na capital rondoniense gira em torno de organização, planejamento antecipado e noites de sono perdidas.
Em blocos de rua, vendedores ambulantes trabalham mais de 12 horas no Carnaval
Júnior Párraga e Márcia chaves/ Rede Amazônica e Amazon Sat
🎊🎀🎉 Essa reportagem faz parte da série ‘O outro lado do carnaval’ do g1 RO, que conta a história de pessoas que trabalham no período carnavalesco. Enquanto alguns se entregam à folia, outros estão ocupados garantindo o seu sustento ou uma grana extra.
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‘Vende mais quem chega primeiro’
Ivan de Souza, conhecido como Ceará, trabalha como vendedor ambulante há mais de 30 anos e, todos os anos, exceto durante a pandemia, esteve com sua banca nos blocos de Carnaval em Porto Velho.
Ceará é vendedor ambulante há mais de 30 anos em Porto Velho
Júnior Párraga e Márcia Chaves/ Rede Amazônica e Amazon Sat
Ao g1, ele revelou que este ano optou por vender apenas churrasquinho e ‘cerveja suja’ – uma mistura de cerveja, gelo, sal e limão -. Como escolheu somente esse segmento, ele espera que as vendas sejam boas, mas tudo depende do local que estaciona seu carrinho, pois precisa ficar em um ponto com movimento.
“A gente precisa sair de casa cedo para garantir um bom lugar. As vezes, eu saio na parte da manhã e fico o dia todo no local esperando o bloco, que só começa na parte da noite. Vende mais quem chega primeiro”, explica.
Vendedor ambulante precisa chegar na avenida cedo para garantir um bom lugar de vendas
Júnior Párraga e Márcia Chaves/ Rede Amazônica e Amazon Sat
Como precisa chegar cedo ao local, Ivan prepara as carnes e os espetinhos um dia antes. Há dias em que dorme apenas de 2 a 3 horas, pois precisa acordar cedo para organizar sua banca para o próximo bloco.
‘A gente nem dorme’
Há mais de 34 anos, Janete Rocha trabalha como vendedora de bebidas em eventos e nunca deixa de comparecer aos blocos de rua durante o Carnaval para garantir seu sustento.
Ela conta que um dos maiores desafios de trabalhar nesse período, é a rotina exaustiva. Nas manhãs antes dos blocos, ela levanta cedo e percorre os mercados em busca dos melhores preços de bebidas, como cerveja, água e refrigerante.
Janete é vendedora ambulante há mais de 34 anos
Júnior Parraga e Márcia Chaves/ Rede Amazônica
“Eu vou de mercado em mercado em busca dos melhores preços. Como não tenho ajuda, preciso acordar cedo para fazer essa pesquisa. Mas tem blocos que amanhecem e eu vou sem dormir mesmo”, explica.
Os dias de carnaval começam e terminam agitados para a vendedora ambulante. Nos blocos de rua que acontecem à noite, ela precisa sair de casa por volta das 16h para garantir um local estratégico de vendas.
“Tem alguns blocos que a gente nem dorme e vai amanhecido mesmo para o outro local, como na Banda do Vai Quem Quer, que começa de tarde”, explica.
Vendedora ambulante trabalha mais de 12 horas no período de carnaval
Júnior Párraga e Márcia Chaves/Rede Amazônica e Amazon Sat
Como utiliza o carro para locomover seu carrinho de bebidas, a vendedora fica circulando entre as ruas para acompanhar a movimentação dos trios. Janete só retorna para casa após o término dos blocos, totalizando mais de 12 horas de trabalho.
‘Chegar na avenida antes do bloco sair’
Já Robson Nunes está trabalhando como vendedor pela primeira vez no Carnaval de rua. Ele é vendedor de coxinhas e decidiu aproveitar o período de folia para ganhar uma renda extra.
Robson é vendedor de salgado e está trabalhando pela primeira vez no carnaval
Júnior Párraga e Márcia Chaves/ Rede Amazônica
Ele conta que os preparativos começaram há 30 dias, pois foi necessário fazer o cadastro e pagar as taxas exigidas pela administração municipal. Além disso, precisou se programar para verificar como chegaria aos locais dos blocos.
“A gente começou a organizar as coisas 30 dias antes. É muito cansativo, porque precisamos preparar as comidas com antecedência e se organizar para conseguir chegar na avenida antes do bloco sair”.
O vendedor preferiu escolher um local estratégico para as vendas, já que optou por permanecer fixo em um ponto, em vez de acompanhar o bloco. Isso facilita a desmontagem da barraca durante a madrugada, pois no dia seguinte, ele precisa abrir seu outro carrinho de salgados na parte da manhã.
Colaboração de Júnior Párraga (Rede Amazônica) e Márcia Chaves (Amazon Sat)