Consultoria de investimentos aposta nos biocombustíveis

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Eletrificação da frota é uma armadilha e o país deve investir nos híbridos que despontam como alternativa econômica e ambientalmente viável

Em sua análise mensal, a Consultoria de Investimentos Trígono ressalta a crescente relevância dos biocombustíveis no contexto atual. O aumento das preocupações com as mudanças climáticas tem impulsionado a busca por alternativas mais sustentáveis em diversos setores da economia, sendo o setor de transportes especialmente destacado pela mídia.

Nos últimos anos, os veículos movidos a combustão foram frequentemente retratados como grandes responsáveis pela degradação ambiental, levando a uma série de iniciativas políticas e metas ambiciosas para reduzir as emissões de poluentes na atmosfera.

Um exemplo emblemático foi o anúncio feito pelo presidente recém-eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, em agosto de 2021, estabelecendo a meta de que metade dos veículos vendidos no país seriam elétricos até 2030. Entretanto, a narrativa em torno dos carros elétricos nem sempre refletiu a realidade, sendo muitas vezes influenciada por interesses diversos, como lobbies e anunciantes, o que gerou uma percepção distorcida sobre essa tecnologia.

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A consultoria sugere que, no que diz respeito ao impacto socioambiental, é crucial adotar uma abordagem holística que considere o ciclo de vida completo dos veículos, desde a extração de matérias-primas até o descarte. A produção em massa de baterias de íon de lítio, por exemplo, levanta preocupações ambientais significativas devido à intensidade dos recursos naturais e energia necessária, além dos desafios associados à infraestrutura de reciclagem e descarte adequado.

A pegada de carbono dos veículos elétricos também é influenciada pela fonte de energia utilizada para recarregar as baterias, destacando a importância de investimentos em fontes de energia limpa e sustentável para garantir os benefícios ambientais dessa transição.

A infraestrutura de recarga é outro aspecto crítico para a adoção em massa de veículos elétricos, com desafios relacionados à escassez de pontos de recarga, lentidão e falta de padronização de conectores. Além disso, questões climáticas, como temperaturas extremas, podem afetar a eficiência e o desempenho das baterias, tornando necessário um investimento contínuo em tecnologias e infraestrutura adequadas.

“Acerca destes veículos, comentamos não poucas vezes, montadoras ocidentais se enfiaram em uma armadilha, praticamente ficando reféns da China que reúne todas as vantagens competitivas no ciclo de produção de veículos eletrificados: minérios, baterias, escala, custo de produção, preços e magnetos (ímãs) imprescindíveis nos motores elétricos que a China responde por 95% da produção mundial”, ressalta o estudo.

As fabricantes chinesas comprimiam margens e a viabilidade econômica das montadoras, que colocavam suas fichas em produtos cuja contribuição ambiental é, no mínimo, questionável.

Para a consultoria, a China e seu dragão devorador de indústrias frágeis logo deverão ser alvo de represálias governamentais tentando salvar suas montadoras e empregos, especialmente europeias.

“O Brasil, felizmente, não caiu na armadilha. A preferência por biocombustíveis e veículos híbridos emerge como uma alternativa viável, aproveitando a expertise do país na produção de biocombustíveis e sua vasta extensão territorial. Tecnologias como o etanol e o biodiesel desempenham um papel significativo na matriz energética brasileira, oferecendo uma transição sustentável rumo a uma menor emissão de poluentes na atmosfera e gerando empregos em toda a cadeia produtiva”, mostra o estudo.

A consultoria reforça ainda que o Brasil também possui potencial para se tornar um grande produtor de hidrogênio verde, aproveitando seus recursos naturais e investindo em tecnologias limpas e renováveis.

A análise mensal destaca ainda, um documento publicado pela Toyota que constatou que, com os minerais utilizados na produção de uma bateria de veículo elétrico (EV) poderiam ter sido produzidas seis baterias para veículos elétricos híbridos plug-in (PHEV) e nada menos que 90 baterias para veículos híbridos (HEV). Isso ficou conhecido como a regra 1:6:90.

Segundo a montadora, a redução geral da emissão de carbono de 90 híbridos ao longo de sua vida útil é 37 vezes maior que a de um único veículo elétrico com bateria. Eis aí um belo incentivo para que se prefira veículos híbridos aos puramente elétricos”, argumenta a publicação.

O estudo sustenta ainda que do ponto de vista ambiental, os veículos híbridos são considerados uma opção ambientalmente mais amigável que seus primos a combustão. “Sim, emitem gases poluentes, mas em volume expressivamente menor. E quando usam o etanol de cana-de-açúcar, há o benefício da captura do CO₂ pelos canaviais”, conclui.

Fonte: Jornal Cana

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